MANIFESTO DAS NORMAS, DESCONTRUÇÃO, EXPERIMENTALISMO E RELAÇÕES, POR UM NOVO ENSINO JUSTO, PARTICIPATIVO E EXPLORATIVO DO PONTO DE VISTA EDUCATIVO E PESSOAL DE TODOS OS INCLUÍDOS NO PROCESSO DE DESIGN
(e tu também)

No que toca ao ensino tradicional e académico do design gráfico, deparamo-nos com algumas falhas sistémicas às quais pretendemos apresentar aquilo que consideramos soluções pertinentes.  

 Atualmente, as regras são nos dadas como verdades universais e relação aluno-professor é de natureza passiva. Os alunos são esquecidos e as suas opiniões e perspetivas são abafadas por um monólogo.

 

 Nós acreditamos num ensino participativo. A experimentação é a resposta natural à existência de normas e esta só acontece quando existe um diálogo mediador, isto é, quando existe um tempo e espaço para questioná-las, debatê-las e compreendê-las, só assim podemos passar a um estado de exploração.

 

No final, este método apenas é possível se houver um empenho de ambos os lados, tanto professores como alunos têm de combater uma certa inércia e implementar uma nova abordagem de ensino. 

  • Medo de experimentar

    É normal ter receio de experimentar, de pôr em causa os cânones e abanar os pilares que, até hoje, consideramos a base estrutural do nosso método de trabalho. A exploração/experimentação pode parecer disruptiva e contra produtiva. No entanto, na experimentação temos a oportunidade de redescobrir o nosso trabalho e de conhecer caminhos alternativos interessantes.

    Parecendo assustadora, está fase é inócua. A ideia é experimentar livremente, sem procurar fechar o projeto gráfico, aceitando a tentativa erro, como produto natural desta etapa.

  • A não aprovação

    O diálogo é essencial, tal como falámos anteriormente, não devemos ter medo de o iniciar e isto serve para ambas as partes. É valido questionar a desaprovação do professor. Um bom trabalho não é julgado apenas pela validação do docente, esta é apenas uma das partes da conclusão de um projeto.

  • Sim e não, o car***o

    No final, cabe também ao aluno saber autoavaliar-se e procurar uma justificação plausível da parte do mentor. Não nos devemos contentar com uma avaliação meramente binária.

  • Cânones, desconstrução, destruição

    Durante o diálogo, o docente deve tornar clara a sua opinião. Desta maneira o aluno tem maior probabilidade de poder intervir na discussão e defender ou abandonar a sua ideia.

    O próprio professor tem sempre uma experiência individual e influências que, mesmo que não de forma intencional, condicionam a sua interação com o aluno. Se o estudante compreender este fenómeno, torna-se mais simples perceber certas opiniões e a origem das suas formulações.

    Durante este processo, as bases do seu projeto, as regras impostas e os cânones são postos em causa, desconstruídos, compreendidos e em certos casos, destruídos.

  • Ação

    Em muitas situações sentimos que temos de agir em conformidade, porém como criativos temos a liberdade de fazer exatamente o contrário tomando posições pessoais. Podemos fazê-lo como exercício de desbloqueio. O aluno é responsável pelas suas ideias e intenções, e como tal cabe-lhe controlar estas ações e saber onde as aplicar e como o fazer de forma responsável.

Para o cumprimento do que é acima referido, o papel do professor é tão ou mais importante como o do aluno. É crucial referir que o docente não perde a sua autoridade, tornando-se apenas mais flexível e cuidadoso na revisão de propostas dos alunos. A sua aprovação é indispensável, contudo este deve ser sempre questionado de forma a obter uma justificação plausível, procurando sempre desconstruir os cânones considerandos outrora intocáveis.

A implementação da nossa proposta é simples. Embora parta do princípio de que ambos lados têm de funcionar em sintonia e cooperar para um diálogo e partilha eficaz, a mudança começa no indivíduo, na sua procura criativa e abordagem para com todos os que o rodeiam.

Num passo seguinte, deve-se implementar o método no órgão superior, tanto a docentes como a estudantes, a instituição. Esta deve providenciar a ambos as condições ideais para que esta abordagem seja possível e realista.

Caldas da Rainha, 21 Novembro 2023
  • Autores

  • Kristóf Reis
  • Miguel Santos