No que toca ao ensino tradicional e académico do design gráfico, deparamo-nos com algumas falhas sistémicas às quais pretendemos apresentar aquilo que consideramos soluções pertinentes.
Atualmente, as regras são nos dadas como verdades universais e relação aluno-professor é de natureza passiva. Os alunos são esquecidos e as suas opiniões e perspetivas são abafadas por um monólogo.
Nós acreditamos num ensino participativo. A experimentação é a resposta natural à existência de normas e esta só acontece quando existe um diálogo mediador, isto é, quando existe um tempo e espaço para questioná-las, debatê-las e compreendê-las, só assim podemos passar a um estado de exploração.
No final, este método apenas é possível se houver um empenho de ambos os lados, tanto professores como alunos têm de combater uma certa inércia e implementar uma nova abordagem de ensino.
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Medo de experimentar
É normal ter receio de experimentar, de pôr em causa os cânones e abanar os pilares que, até hoje, consideramos a base estrutural do nosso método de trabalho. A exploração/experimentação pode parecer disruptiva e contra produtiva. No entanto, na experimentação temos a oportunidade de redescobrir o nosso trabalho e de conhecer caminhos alternativos interessantes.
Parecendo assustadora, está fase é inócua. A ideia é experimentar livremente, sem procurar fechar o projeto gráfico, aceitando a tentativa erro, como produto natural desta etapa.
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A não aprovação
O diálogo é essencial, tal como falámos anteriormente, não devemos ter medo de o iniciar e isto serve para ambas as partes. É valido questionar a desaprovação do professor. Um bom trabalho não é julgado apenas pela validação do docente, esta é apenas uma das partes da conclusão de um projeto.
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Sim e não, o car***o
No final, cabe também ao aluno saber autoavaliar-se e procurar uma justificação plausível da parte do mentor. Não nos devemos contentar com uma avaliação meramente binária.
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Cânones, desconstrução, destruição
Durante o diálogo, o docente deve tornar clara a sua opinião. Desta maneira o aluno tem maior probabilidade de poder intervir na discussão e defender ou abandonar a sua ideia.
O próprio professor tem sempre uma experiência individual e influências que, mesmo que não de forma intencional, condicionam a sua interação com o aluno. Se o estudante compreender este fenómeno, torna-se mais simples perceber certas opiniões e a origem das suas formulações.
Durante este processo, as bases do seu projeto, as regras impostas e os cânones são postos em causa, desconstruídos, compreendidos e em certos casos, destruídos.
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Ação
Em muitas situações sentimos que temos de agir em conformidade, porém como criativos temos a liberdade de fazer exatamente o contrário tomando posições pessoais. Podemos fazê-lo como exercício de desbloqueio. O aluno é responsável pelas suas ideias e intenções, e como tal cabe-lhe controlar estas ações e saber onde as aplicar e como o fazer de forma responsável.
Para o cumprimento do que é acima referido, o papel do professor é tão ou mais importante como o do aluno. É crucial referir que o docente não perde a sua autoridade, tornando-se apenas mais flexível e cuidadoso na revisão de propostas dos alunos. A sua aprovação é indispensável, contudo este deve ser sempre questionado de forma a obter uma justificação plausível, procurando sempre desconstruir os cânones considerandos outrora intocáveis.
A implementação da nossa proposta é simples. Embora parta do princípio de que ambos lados têm de funcionar em sintonia e cooperar para um diálogo e partilha eficaz, a mudança começa no indivíduo, na sua procura criativa e abordagem para com todos os que o rodeiam.
Num passo seguinte, deve-se implementar o método no órgão superior, tanto a docentes como a estudantes, a instituição. Esta deve providenciar a ambos as condições ideais para que esta abordagem seja possível e realista.